Quais fatores podem estar associados a coinfecção HIV-Sífilis em pessoas vivendo com HIV?

 

Introdução

 

A sífilis está presente na humanidade há séculos. Embora haja tratamento de alta efetividade com uso de antibióticos nas fases iniciais, quando não tratada, está associada aos casos de coinfecção pelo HIV. No dia 22 de janeiro de 2021, Luana Andrade Simões, apresentou a defesa de sua dissertação no Programa de Pós-graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica (PPGMAF). Com o título “Fatores associados à coinfecção HIV-Sífilis em pessoas vivendo com HIV, iniciando a terapia antirretroviral em Belo Horizonte – MG”, foi apresentado no trabalho os principais fatores associados à presença concomitantes das infecções em pessoas que vivem com HIV. 

Atualmente, Luana trabalha como enfermeira do Departamento de Atenção à Saúde do Trabalhador da UFMG, atuando nas urgências e demandas clínicas da comunidade acadêmica.

Em entrevista ao Pensando Nisso, ela nos fala sobre os principais resultados de sua pesquisa.

 

Luana, você poderia nos contar um pouco sobre o tema de sua dissertação?

Luana: As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são consideradas como um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Em especial a sífilis (causada pelo Treponema Pallidum) e a infecção pelo HIV que são infecções sinérgicas e possuem características semelhantes como: a via de transmissão e população acometida (populações chave). A sífilis pode aumentar a carga viral e diminuir o número de linfócitos TCD4+, resultando em uma condição maior de morbidade e mortalidade na pessoa que vive com HIV. Além disso, a presença do HIV pode afetar a transmissão da sífilis, seu curso clínico, resposta ao tratamento e alterar seu diagnóstico sorológico. O conhecimento sobre os fatores associados à prevalência da coinfecção HIV/sífilis pode subsidiar a tomada de decisões dos profissionais inseridos no cuidado à pessoa que vive com HIV, principalmente no que diz respeito às orientações, rastreio e tratamento adequado da sífilis nessa população.

 

Quais foram os principais resultados da pesquisa?

Luana: Nessa pesquisa, a prevalência de coinfecção HIV/sífilis foi de 10,6% dos indivíduos avaliados. Observou-se que a maioria era do sexo masculino, solteiros(as), divorciado(as) ou viúvo(as), a metade se autodeclarou pardos, 40% possuíam de 10 a 12 anos de escolaridade e tinham em média 35 anos de idade predominando a faixa etária de 20 a 34 anos. 

Os fatores associados à maior chance de coinfecção HIV/sífilis foram o uso de álcool e o diagnóstico de outras IST. As menores chances de coinfecção HIV/sífilis foram associadas ao maior tempo de tratamento com a terapia antirretroviral e a esquemas antirretrovirais contendo dolutegravir.

 

Em que esses resultados impactam na vida das pessoas que vivem com HIV e estão em terapia antirretroviral? E quais são os impactos para a prática clínica e para os serviços de saúde?

Luana: A presença de IST na pessoa que vive com HIV pode revelar o não uso do preservativo indicando um comportamento sexual de risco . As pessoas que vivem com HIV com a utilização adequada dos antirretrovirais e com carga viral indetectável não transmitem o vírus HIV mas é preciso de outros cuidados como o uso do preservativo nas relações sexuais para evitar a transmissão de sífilis e outras IST.  Os serviços de saúde têm um papel primordial em orientar e direcionar as pessoas que vivem com HIV para terem práticas sexuais seguras contribuindo para prevenção da sífilis e outras IST.  

 

Quais seriam os próximos passos possíveis para este estudo?

Luana: Divulgar e ampliar o conhecimento dos resultados obtidos nesta pesquisa para o meio científico e para a comunidade em geral com intuito de melhor cuidado em saúde à pessoa que vive com HIV.

 

Você dará continuidade aos estudos com o doutorado ou apenas finalizou o mestrado? Breve descrição.

Luana: O mestrado foi finalizado no mês de março de 2021. Mas pretendo ingressar no doutorado para dar continuidade e maior aprofundamento nos estudos.

 


Texto elaborado por: Cléssius Ribeiro de Souza, doutorando no Programa de Pós-graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica, Faculdade de Farmácia, UFMG

Revisão: Profa. Maria das Graças Braga Ceccato

Edição e postagem: Ana Luiza Pereira da Rocha

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