Você já deve ter ouvido falar a famosa frase de que “ninguém morre só por HIV”. De fato, as principais causas de morte de uma pessoa com quadro avançado de aids são tumores ou infecções,
geralmente raros em pessoas saudáveis. Dentre as infecções, chamadas de oportunistas por surgirem nesse oportuno momento em que o organismo está debilitado (fraco), a tuberculose se destaca.
O HIV é o maior fator de risco para tuberculose e a tuberculose é a principal causa de morte de pessoas que vivem com HIV e não fazem tratamento com medicamento antirretroviral.
O fato de uma pessoa possuir o bacilo da tuberculose no organismo dela não significa que ela desenvolverá sintomas. Nesses casos, chamamos de infecção latente. Entretanto, principalmente em situações de imunocomprometimento, em que a pessoa tem poucas células de defesa, esta infecção latente pode progredir, dando início a infecção ativa.
Pessoas que NÃO convivem com o HIV, quando contraem tuberculose, possuem risco de apenas 10% de desenvolver a forma ativa. Já as pessoas com HIV, quando elas contraem, têm de 21 a 34 vezes mais chances desenvolver a forma ativa do que o resto da população. Ademais, estão mais propensas a sofrer complicações, tal como a síndrome da reconstituição imune, uma condição que ocorre quando o corpo reage exageradamente a uma infecção, sem falar da maior chance de recidivas.
O Mycobacterium tberculosis ativa a proliferação de linfócitos TCD4+, fazendo sua quantidade no sangue aumentar. Isso piora também a infecção do vírus HIV, que utiliza justamente esta célula para atacar e replicar. Assim, a carga viral no organismo aumenta.
O vírus HIV destrói parcialmente a imunidade, auxiliando a sobrevida do Mycobacterium tuberculosis no organismo. Em indivíduos saudáveis, células de defesa como macrófagos e linfócitos evitam que o bacilo da tuberculose se prolifere, prendendo-o em lugares fechados chamados granulomas. Em indivíduos imunocomprometidos, esse granulomas não são formados corretamente, formando granulomas frouxos, que permite a bactéria “escape” e se alastre para o resto do corpo. Quando o bacilo da tuberculose se espalha pelo corpo, ocorrem as formas extrapulmonares da doença, que acometem outros órgãos importantes e, na maioria das vezes, essa manifestação da doença é mais grave.
Texto produzido por: Paulo Henrique Moreira Melo, graduando em Medicina, Faculdade de Medicina da UFMG
Revisão: Profa. Marina Guimarães Lima e Profa. Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Mariana Dias Lula e Ana Luiza Pereira da Rocha
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