A segurança das vacinas é sempre a prioridade máxima, e no caso das vacinas contra a COVID-19 isso não é diferente.
Antes de serem aprovadas, todas as vacinas passam por testes em três fases de ensaios clínicos. Esses testes visam avaliar a segurança da vacina, além de sua eficácia (capacidade de proteger contra a doença).
Fase 1: A vacina é administrada entre 10 a 100 indivíduos para se testar a capacidade de estimulação do sistema imunológico, a segurança e a dose.
Fase 2: A vacina é administrada entre 100 a 1000 indivíduos para se obter mais dados sobre segurança além de se avaliar novamente a capacidade da vacina de estimular o sistema imunológico (eficácia);
Fase 3: A vacina é administrada em quantidade superior a 1000 indivíduos com objetivo de confirmar a sua eficácia (isto é, a prevenção da infecção) e conhecer mais dados sobre reações adversas em grupos variados de indivíduos como crianças, adultos e idosos.
Você pode apresentar algumas reações adversas leves, mas elas passam rapidamente após poucos dias. Essas reações adversas ocorrem porque seu sistema imunológico está respondendo à vacina.
As principais reações são:
? Dor, vermelhidão e inchaço no local da aplicação;
? Dor de cabeça;
? Dor no corpo e nas articulações;
? Cansaço;
? Febre e calafrios;
? Enjoo.
Geralmente essas reações adversas são de curta duração, porém há casos onde deve-se procurar ajuda médica. São eles:
? Se a vermelhidão ou dor no local da injeção piorar após 24 horas;
? Se as reações adversas não desaparecerem depois de alguns dias;
? Se você sentir algum efeito preocupante após a aplicação da vacina.
? Fique tranquilo! Isso não quer dizer que você terá todas essas reações adversas ou terá alguma reação quando se vacinar.
✅ Quando chegar sua vez, procure algum ponto de vacinação na sua cidade e vacine-se!
Texto produzido por: Victor César da Silva, graduando em Farmácia, Faculdade de Farmácia da UFMG
Revisão: Cléssius Ribeiro de Souza e Profa Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Ana Luiza Pereira da Rocha e Mariana Dias Lula
Referências bibliográficas:
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Com o passar do tempo, a medicina trouxe vários benefícios para a sociedade. Foram avanços históricos: descobertas de doenças, vacinas, aprimoramentos de métodos, como a utilização do raio-X, técnicas de assepsia em procedimentos cirúrgicos, fabricação de medicamentos, dentre outros. Concomitantemente, surgiram novas doenças ao longo do tempo, dentre elas a Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS).
O surgimento da AIDS foi um fenômeno social e histórico, o qual trouxe dúvidas e medos que mexem com o imaginário social, resultando em concepções negativas diante da doença. Tais concepções podem afetar a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV (PVHIV).
Um dos entraves que permeiam a vida de pessoas que vivem com o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é o preconceito! Esse preconceito vem acompanhado por sentimentos negativos de medo, culpa e rejeição. Por causa do medo e da insegurança a essa doença, as pessoas têm dificuldades em falar com outros indivíduos sobre o diagnóstico.
A revelação da soropositividade é um evento crucial na vida de quem vive com HIV, tanto na família quanto em amigos. A percepção negativa, a discriminação e a falta de conhecimento cultivam o sentimento. O medo do abandono e de julgamento, a revelação da identidade social, a quebra do padrão de vida, a ‘culpabilização’ individual por ter se infectado, a impotência diante da nova realidade, o isolamento, a não adesão ao tratamento, a revolta e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas são alguns dos aspectos relacionados a uma doença estigmatizada.
A estigmatização social pode impactar negativamente na saúde física e mental das PVHIV. O estresse tende a comprometer a imunidade, tornando o indivíduo mais vulnerável a outras infecções.
A saúde coletiva desempenha um papel importante no bem estar do paciente, desenvolvendo ações para romper o estigma social, orientando sobre a doença e o tratamento: explicando sobre o aumento da sobrevida com a adesão ao tratamento.
Todos nós merecemos ser respeitados independentemente da condição financeira, escolaridade, orientação sexual, etnia, sorologia, dentre outros. O conhecimento é o melhor aliado para combater o preconceito a fim de acabar com a estigmatização das PVHIV.
Lembrando que todas as PVHIV têm o direito do sigilo no tratamento e utilização dos serviços básicos e de amplo acesso à saúde.
No Brasil foi sancionada, em junho de 2014, a Lei nº 12.984 que estabelece como crime a discriminação contra as PVHIV. Em caso de violação, recomenda-se realizar-se o Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia e entrar com uma ação criminal.
E o mais importante de tudo isso é que viver com HIV não define ninguém, não define caráter, status, relacionamento etc. Mas o que realmente poderá definir é: qual a melhor trajetória a se fazer para o seu futuro.
Texto produzido por: Felipe Ferreira Lima, graduando em Química, Instituto de Ciências Exatas da UFMG
Revisão: MSc. Cléssius Ribeiro de Souza, Profa. Marina Guimarães Lima e Profa. Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Mariana Dias Lula
Referências Bibliográficas:
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A Reação Adversa (RA) é qualquer efeito prejudicial ou indesejável e não intencional a um medicamento, soro ou vacina que ocorre nas doses usualmente utilizadas para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doenças.
Os principais impactos das RA são:
? Hospitalizações;
? Aumento do tempo de permanência no hospital;
? Diminuição da qualidade de vida do paciente;
? Atraso de tratamentos e aumento de custos.
O Evento Adverso (EA) é qualquer ocorrência médica prejudicial que pode ocorrer durante a utilização de um medicamento, soro ou vacina, mas que não seja necessariamente causado por esse tratamento, como:
? Suspeita de reações adversas;
? Eventos causados por desvios de qualidade dos medicamentos;
? Interações;
? Inefetividade do tratamento;
? Intoxicação relacionada ao medicamento, soro ou vacina;
? Uso abusivo/indevido;
? Erros de medicação.
⚠ Isso quer dizer que toda reação adversa é um evento adverso, mas nem todo evento adverso é uma reação adversa!
? Inibidores de Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos (ITRN):
? Enjoo e vômito;
? Fadiga;
? Insônia;
? Desconforto abdominal e diarreia;
? Pancreatite;
? Reações alérgicas ao medicamento.
? Inibidores de Transcriptase Reversa Não Análogos de Nucleosídeos (ITRNN):
? Tonturas;
? Alterações do sono e pesadelos;
? Reações alérgicas ao medicamento;
? Depressão;
? Dor de cabeça;
? Erupções na pele;
? Enjoo e vômito.
? Inibidores da Protease (IP):
? Enjoo;
? Dor abdominal e diarreia;
? Dislipidemia (aumento de gordura no sangue);
? Manchas vermelhas na pele.
? Inibidores de Fusão (IF):
? Dor coceira e inflamação no local de aplicação (Enfuvirtida T20);
? Dor de cabeça;
? Enjoo.
? Inibidores da Integrase (IIN):
? Dor de cabeça;
? Insônia;
? Ganho de peso;
? Enjoo.
? Inibidores da entrada:
? Tosse;
? Febre;
? Diarreia;
? Manchas na pele.
⚠ Ao utilizar a TARV não quer dizer que você terá todas essas reações adversas ou que terá alguma reação adversa. Afinal, cada indivíduo reage de uma forma ao medicamento. Se necessário, consulte o médico!
Texto produzido por: Victor César da Silva, graduando em Farmácia, Faculdade de Farmácia da UFMG
Revisão: Profa Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Ana Luiza Pereira da Rocha
Referências Bibliográficas:
O FDA (U.S. Food and Drug Administration), órgão regulador da saúde dos Estados Unidos, aprovou no início de 2021 o medicamento antirretroviral injetável de longa duração para tratar o HIV.
O fato de que os medicamentos disponíveis para tratar o HIV atualmente são comprimidos e devem ser tomados diariamente pode dificultar a adesão à Terapia Antirretroviral (TARV).
O novo medicamento com o nome comercial de Cabenuva, que é composto por rilpivirina e cabotegravir, é uma injeção intramuscular que pode ser aplicada uma vez ao mês, ou até mesmo uma vez a cada dois meses.
Os estudos realizados mostraram que as pessoas que vivem com HIV com o uso da TARV oral, ao substituir pelo medicamento injetável, mantiveram a carga viral indetectável e não apresentaram mudanças relevantes na contagem de linfócitos TCD4 +.
O tratamento é indicado para adultos que vivem com HIV em que a carga viral se apresenta indetectável com o uso da TARV e que não possuem histórico de falha terapêutica com algum ARV ou resistência a cabotegravir e rilpivirina.
As reações mais comuns relatadas foram dor no local de aplicação, febre, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas, tonturas e erupção cutânea.
A reação mais comum foi a dor no local da injeção, sendo, na maioria das vezes, uma dor leve a moderada.
Mesmo com as reações adversas, ao final do estudo, os participantes que usaram o medicamento injetável estavam mais satisfeitos que os pacientes que usaram a terapia usual.
Enquanto essa tecnologia ainda não é implantada no Brasil e no nosso sistema único de saúde, temos muitos antirretrovirais efetivos e seguros disponíveis, capazes de manter a qualidade de vida do paciente e manter a carga viral indetectável.
O cabotegravir, um dos constituintes do medicamento injetável, é um ARV da mesma classe do dolutegravir, um dos medicamentos mais utilizados para início da TARV.
Dessa forma, se uma pessoa fizer uso inadequado do dolutegravir poderá desenvolver resistência a essa classe de ARV e comprometer a possibilidade de fazer uso do injetável no futuro.
Por isso é muito importante usar os medicamentos todos os dias e seguir as orientações do profissional de saúde!
Texto produzido por: Ana Luiza Pereira da Rocha, graduanda em Farmácia, Faculdade de Farmácia da UFMG
Revisão: Profa. Marina Guimarães Lima e Profa. Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Mariana Dias Lula
Referências Bibliográficas:
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Quando uma pessoa inicia um tratamento são muito comuns dúvidas e preocupações sobre os efeitos que o uso de outras substâncias podem causar nesse tratamento.
As interações medicamentosas acontecem quando o paciente usa mais de um medicamento ao mesmo tempo, e um influencia a ação do outro no organismo.
Os efeitos provocados por interações medicamentosas podem ser positivos, quando ajudam na resposta ao tratamento e na segurança do paciente, ou podem ser negativos quando pioram o efeito do tratamento, seja por causar reações adversas ou por anular ou diminuir o efeito do medicamento no organismo.
As interações medicamentosas podem acontecer também com o uso de alimentos, plantas ou outras substâncias ativas.
Podem ocorrer interações medicamentosas com o uso da Terapia Antirretroviral (TARV), que podem diminuir o efeito desses medicamentos ou aumentar sua toxicidade, ou seja, aumentar a chance de uma pessoa ter uma reação adversa com o tratamento.
Os principais medicamentos que podem afetar a TARV e que precisam uma atenção especial dos profissionais de saúde e das Pessoas que vivem com HIV (PVHIV) são:
Alguns antirretrovirais podem interagir com métodos contraceptivos hormonais, como anticoncepcionais orais, injetáveis ou implantes. Algumas dessas interações podem aumentar a chance de ocorrer uma gravidez não planejada por diminuir o efeito dos contraceptivos.
Pacientes em uso de efavirenz, nevirapina e ritonavir podem precisar usar um outro método contraceptivo de barreira, como a camisinha, pois o uso desses medicamentos pode diminuir os níveis dos hormônios no sangue e prejudicar o efeito do contraceptivo hormonal.
⚠ Por isso é importante consultar um profissional de saúde para saber qual o método contraceptivo mais indicado para o seu caso.
A rifampicina é um medicamento muito importante usado para tratar a tuberculose no Brasil, mas apresenta muitas interações medicamentosas com outros medicamentos, incluindo os antirretrovirais (ARV).
Alguns ARV como os inibidores de protease (IP) interagem com a rifampicina. Esses medicamentos são: lopinavir, saquinavir, ritonavir, atazanavir, darunavir, fosamprenavir e tipranavir;
⚠ Se você faz uso desses medicamentos para tratar o HIV é importante que na consulta com o médico converse sobre a necessidade de trocar a rifampicina por outro medicamento contra a tuberculose, pois ela pode acelerar a eliminação desses medicamentos, diminuir o efeito da TARV e provocar resistência ao HIV.
As estatinas são medicamentos usados para diminuir os níveis de colesterol no sangue e prevenir doenças do coração e dos vasos sanguíneos.
São medicamentos muito utilizados no Brasil e por isso precisam de uma atenção especial quando o assunto é interações medicamentosas.
A sinvastatina é a estatina mais utilizada, e o seu uso junto com os inibidores de protease do HIV não é recomendado, pois eles podem aumentar os níveis da estatina no sangue e causar um evento grave nos músculos e nos rins do paciente.
⚠ Se você usa medicamentos inibidores de protease e sinvastatina ao mesmo tempo, converse com o seu médico sobre a possibilidade de trocar a sinvastatina por outro medicamento.
Os inibidores de bomba de prótons (IBP) são uma classe de medicamentos que diminuem a acidez do estômago e são indicados para tratar úlcera e refluxo. O omeprazol é o inibidor de bomba de próton (IBP) mais conhecido.
O omeprazol interage com o atazanavir e deve ser evitado quando o paciente utiliza esse ARV, pois pode diminuir a efetividade da TARV e provocar resistência do HIV.
Os medicamentos raltegravir, atazanavir e dolutegravir interagem com antiácidos utilizados para alívio de sintomas de azia, como aqueles com magnésio, alumínio ou cálcio, podendo diminuir o efeito da TARV quando tomados juntos ou em horários muito próximos.
⚠ Por isso, caso você precise usar um antiácido e faça uso de um dos ARV citados acima, você deve tomá-los em horários separados.
⚠ Caso você faça uso de atazanavir, e precise tomar hidróxido de alumínio para tratar azia, você deve administrar o atazanavir pelo menos 2 horas antes ou 1 hora depois do antiácido.
⚠ Já se você usa dolutegravir, deve tomá-lo 4 horas antes ou 6 horas depois do antiácido.
Os inibidores da protease podem aumentar o efeito de alguns medicamentos sedativos como o midazolam e triazolam. Esses medicamentos são usados em alguns procedimentos médicos para diminuir a consciência do paciente, podendo causar uma sedação leve, como uma sonolência, ou mais profunda, onde o paciente dificilmente é despertado por voz.
O uso dos inibidores de protease associados ao midazolam e triazolam podem causar uma sedação intensa e grave nos pacientes. A sedação grave provoca risco de vida ao paciente, pois pode parar sua respiração e seus batimentos cardíacos.
Esses ARV também podem diminuir o efeito de alguns antidepressivos, como mirtazapina, paroxetina, bupropiona e sertralina.
⚠ Se você faz uso de inibidores de protease e precisa iniciar o tratamento para depressão, converse com o profissional de saúde, pois pode ser necessário ajustar a dose do seu antidepressivo.
⚠ Se você faz uso de efavirenz e vai iniciar o tratamento para depressão ou faz uso também de antidepressivos, converse com seu médico, pois o uso de alguns antidepressivos com esse ARV pode aumentar o risco de arritmias do coração.
Por fim, os anticonvulsivantes fenitoína e carbamazepina interagem com muitos ARV, diminuindo o efeito da TARV. Em alguns casos são contraindicados, como em associação com: atazanavir, darunavir, efavirenz ou ritonavir.
⚠ Se você faz uso da TARV e precisa usar também um desses medicamentos converse com seu médico.
Os medicamentos utilizados para tratar a hepatite C interagem com muitos ARV, em alguns casos é necessário ajustar a dose e em outros substituir os medicamentos.
Os inibidores de protease podem aumentar o efeito de alguns medicamentos usados para tratar a hepatite C, aumentando seus efeitos adversos.
Já o efavirenz pode interagir e diminuir o efeito de alguns medicamentos para tratar a hepatite C.
⚠ Por isso, é muito importante que se você faz uso da TARV e de medicamentos para a hepatite C, consulte com um profissional de saúde para que este profissional esteja atento aos esquemas que utiliza e as possíveis interações, sempre avaliando os efeitos indesejáveis.
Alguns medicamentos usados para tratar a malária, como artemeter, hidroxicloroquina e cloroquina, interagem com alguns ARV.
As interações podem aumentar ou diminuir os efeitos dos antimaláricos, mas principalmente intensificam o risco desses medicamentos de causar arritmias do coração que pode ser muito grave e levar a uma parada cardíaca.
⚠ Por isso, caso você faça uso da TARV e precise usar antimaláricos, você deve conversar com um profissional de saúde.
Texto produzido por: Ana Luiza Pereira da Rocha, graduanda em Farmácia, Faculdade de Farmácia da UFMG
Revisão: Profa. Marina Guimarães Lima
Edição e postagem: Ana Luiza Pereira da Rocha
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A sífilis está presente na humanidade há séculos. Embora haja tratamento de alta efetividade com uso de antibióticos nas fases iniciais, quando não tratada, está associada aos casos de coinfecção pelo HIV. No dia 22 de janeiro de 2021, Luana Andrade Simões, apresentou a defesa de sua dissertação no Programa de Pós-graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica (PPGMAF). Com o título “Fatores associados à coinfecção HIV-Sífilis em pessoas vivendo com HIV, iniciando a terapia antirretroviral em Belo Horizonte – MG”, foi apresentado no trabalho os principais fatores associados à presença concomitantes das infecções em pessoas que vivem com HIV.
Atualmente, Luana trabalha como enfermeira do Departamento de Atenção à Saúde do Trabalhador da UFMG, atuando nas urgências e demandas clínicas da comunidade acadêmica.
Em entrevista ao Pensando Nisso, ela nos fala sobre os principais resultados de sua pesquisa.
Luana: As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são consideradas como um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Em especial a sífilis (causada pelo Treponema Pallidum) e a infecção pelo HIV que são infecções sinérgicas e possuem características semelhantes como: a via de transmissão e população acometida (populações chave). A sífilis pode aumentar a carga viral e diminuir o número de linfócitos TCD4+, resultando em uma condição maior de morbidade e mortalidade na pessoa que vive com HIV. Além disso, a presença do HIV pode afetar a transmissão da sífilis, seu curso clínico, resposta ao tratamento e alterar seu diagnóstico sorológico. O conhecimento sobre os fatores associados à prevalência da coinfecção HIV/sífilis pode subsidiar a tomada de decisões dos profissionais inseridos no cuidado à pessoa que vive com HIV, principalmente no que diz respeito às orientações, rastreio e tratamento adequado da sífilis nessa população.
Luana: Nessa pesquisa, a prevalência de coinfecção HIV/sífilis foi de 10,6% dos indivíduos avaliados. Observou-se que a maioria era do sexo masculino, solteiros(as), divorciado(as) ou viúvo(as), a metade se autodeclarou pardos, 40% possuíam de 10 a 12 anos de escolaridade e tinham em média 35 anos de idade predominando a faixa etária de 20 a 34 anos.
Os fatores associados à maior chance de coinfecção HIV/sífilis foram o uso de álcool e o diagnóstico de outras IST. As menores chances de coinfecção HIV/sífilis foram associadas ao maior tempo de tratamento com a terapia antirretroviral e a esquemas antirretrovirais contendo dolutegravir.
Luana: A presença de IST na pessoa que vive com HIV pode revelar o não uso do preservativo indicando um comportamento sexual de risco . As pessoas que vivem com HIV com a utilização adequada dos antirretrovirais e com carga viral indetectável não transmitem o vírus HIV mas é preciso de outros cuidados como o uso do preservativo nas relações sexuais para evitar a transmissão de sífilis e outras IST. Os serviços de saúde têm um papel primordial em orientar e direcionar as pessoas que vivem com HIV para terem práticas sexuais seguras contribuindo para prevenção da sífilis e outras IST.
Luana: Divulgar e ampliar o conhecimento dos resultados obtidos nesta pesquisa para o meio científico e para a comunidade em geral com intuito de melhor cuidado em saúde à pessoa que vive com HIV.
Luana: O mestrado foi finalizado no mês de março de 2021. Mas pretendo ingressar no doutorado para dar continuidade e maior aprofundamento nos estudos.
Texto elaborado por: Cléssius Ribeiro de Souza, doutorando no Programa de Pós-graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica, Faculdade de Farmácia, UFMG
Revisão: Profa. Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Ana Luiza Pereira da Rocha
A carga viral é um exame realizado em laboratório, onde se monitora a quantidade de vírus presente no sangue do paciente infectado. O procedimento é obtido por uma técnica chamada PCR-RT a fim de orientar o tratamento.
Os primeiros medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980. Esses medicamentos agem inibindo a multiplicação do HIV no organismo e, consequentemente, evitam o enfraquecimento do sistema imunológico.
O uso regular dos medicamentos é muito importante, pois evita que a infecção evolua para AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Humana). É importante frisar que existe uma diferença entre o HIV e a AIDS. O HIV é o vírus causador da doença, a AIDS. A doença causa sérios danos ao sistema imunológico e interfere na habilidade do nosso organismo de lutar contra outros tipos de infecções. O portador do vírus pode não ter a doença, mas se não tiver os devidos cuidados (tratamento) poderá desenvolver a doença.
No ano de 1996 foi aprovada a Lei Federal nº 9.313, de 13 de novembro, na qual dispõe sobre a distribuição e gratuidade dos medicamentos. Outro marco importante foi que no ano de 2013, os adultos com testes positivos de HIV, e mesmo sem comprometimento do sistema imunológico, passaram a ter acesso aos medicamentos antirretrovirais contra a AIDS pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Terapia Antirretroviral (TARV): os antirretrovirais (ARV) são fármacos utilizados no tratamento do HIV. Os principais objetivos da TARV são: redução da morbidade associada ao HIV, melhoria da qualidade de vida, preservação do sistema imune do paciente, suprir a replicação, ou seja, redução da quantidade de vírus no organismo do paciente (redução da carga viral). É um método de prevenção da transmissão do vírus de mãe para filho, que consiste na utilização de antirretrovirais em gestantes com HIV, durante a gestação.
Profilaxia Pré-Exposição (PrEP): é um método de prevenção à infecção pelo HIV e esse tipo de tratamento é realizado antes de a pessoa ter contato com o vírus. Consiste na tomada diária de um comprimido. Esses comprimidos possuem a combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina) que bloqueiam alguns caminhos que o HIV usa para infectar o seu organismo.
Profilaxia Pós-Exposição (PEP): é uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis. Essa medida consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista o risco de contágio, sendo: violência sexual, relação sexual desprotegida, acidente ocupacional, dentre outros.
A adesão ao tratamento é um processo dinâmico, que inclui alguns fatores que abrangem aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e comportamentais, que requer decisões entre a pessoa que convive com HIV e a equipe de saúde.
A boa adesão aos medicamentos garante alguns benefícios tais como: aumento da disposição, energia, apetite, ampliação da expectativa de vida e o não desenvolvimento de outras doenças, como as infecções oportunistas.
O tratamento é a forma mais eficaz para pessoas que vivem com HIV ter uma boa qualidade de vida. É importante salientar que para a adesão progredir de maneira significativa, é necessário que o paciente faça diariamente e em horários regulares o uso dos medicamentos receitados pelo médico
A adesão ao tratamento não é feita somente pelo paciente, mas ele é o protagonista! Para isso ele pode contar com a ajuda de uma equipe de saúde composta por médicos, enfermeiros, farmacêuticos, assistentes sociais, psicólogos, dentre outros. O apoio da família e dos amigos é também fundamental.
O principal objetivo da terapia antirretroviral é manter a saúde das pessoas que vivem com HIV, podem ser indicadas medicações capazes de reduzir a quantidade de HIV no sangue para níveis indetectáveis.
Estes resultados impactam na vida das pessoas permitindo que elas recuperem a qualidade de vida, melhorando o estado de saúde. Ademais, existe um consenso crescente entre vários cientistas de que pessoas com carga viral indetectável não transmitem o vírus.
Vale ressaltar a importância do uso de preservativos na maioria dos contextos: evita a transmissão de outros tipos de doenças sexualmente transmissíveis como a hepatite B, sífilis, gonorreia, entre outras.
Texto produzido por: Felipe Ferreira Lima, graduando em Química, Instituto de Ciências Exatas da UFMG
Revisão: Profa. Dra. Marina Guimarães Lima e Profa. Dra. Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Mariana Dias Lula
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O HIV, vírus que causa a aids, ataca o sistema imunológico, encarregado por defender o organismo humano de doenças.
Os linfócitos T-CD4+ são as células mais afetadas pelo vírus HIV, uma vez que o vírus é capaz de alterar o DNA celular. Assim, escraviza essa célula a multiplicar o vírus até a sua exaustão.
Após se multiplicar, o vírus destrói os linfócitos e busca outros linfócitos para dar sequência a infecção.
O HIV também infecta outras células, como as células do cérebro, da pele, do coração e dos rins, causando doença nesses órgãos.
À medida que o HIV destrói os linfócitos T-CD4+, o indivíduo se torna cada vez mais vulnerável às doenças oportunistas.
Em um determinado momento, o organismo não tem mais forças para combater o ataque de outros microrganismos. Dessa forma, a pessoa começa a ficar doente mais facilmente.
Por isso, é de extrema importância que as pessoas que vivem com HIV façam o uso da terapia antirretroviral (TARV). Os medicamentos para o tratamento do HIV diminuem a quantidade de vírus no sangue e mantêm os indivíduos menos sujeitos a terem essas infecções oportunistas.
Texto produzido por: Victor César da Silva, graduando em Farmácia, Faculdade de Farmácia da UFMG
Revisão: Profa Marina Guimarães Lima e Profa Maria das Graças Braga Ceccato
Edição e postagem: Ana Luiza Pereira da Rocha
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